Harpa Paraguaia e Celta
A história da Harpa
Existem várias histórias sobre a origem da harpa, entretanto ninguém questiona que sua origem é muito antiga e que fazia parte da alta sociedade da época.
A história da Harpa
Existem várias histórias sobre a origem da harpa, entretanto ninguém questiona que sua origem é muito antiga e que fazia parte da alta sociedade da época.
Através dos registros históricos, vemos que a harpa é um dos instrumentos mais antigos. Teria se originado dos arcos de caça que faziam barulho ao roçarem na corda. Esse instrumento que vem sendo utilizado pelo homem desde a mais remota antiguidade tem uma história documentada de aproximadamente 5.500 anos e conserva, desde os primórdios até os dias de hoje, sua estrutura triangular com cordas de comprimentos diferentes.
O registro mais antigo deste tipo de configuração foi encontrado em um fragmento de vaso da Suméria, datando de 3.500 a.C. Foram encontrados registros entre os mais antigos povos como o hebraico, mesopotâmio, babilônio, assírio, asiático, sumeriano, africano, egípcio e grego. Durante a Idade Média, a harpa acompanhou a música secular e monges irlandeses levaram-na da Irlanda e Grã-Bretanha para o continente europeu antes do Século IX da era cristã.
Entre os hebreus, segundo a Bíblia, os cânticos de louvor, as orações e as solenidades eram acompanhadas por tambores, címbalos, alaúde e harpa. Sua beleza plástica, a elegância de suas curvas e a delicadeza quase mágica dos seus sons encantam as pessoas que têm o privilégio de vê-la e ouvi-la ao vivo.
De alguma forma, a harpa sempre esteve associada à nobreza e à espiritualidade das culturas pelas quais passou. Anjos, castelos, templos, princesas e deuses são constantes na mitologia que cerca o instrumento. Pinturas de harpas foram descobertas na tumba do Rei Ramsés III. Bes, deus egípcio protetor dos lares, tocava harpa. Já na mitologia celta, Dagda, pai da deusa Brigit, também aparece como harpista e, na tradição cristã, o Rei Davi e os anjos aparecem frequentemente tocando harpas.
No século XV, na Escócia, uma casa real era considerada incompleta sem a presença de uma harpa, e nobres cavalheiros do século XVII tinham que aprender como tocá-la com desenvoltura. Entre as mais famosas figuras da realeza que tocavam harpa ao longo da história encontram-se o Rei James IV da Escócia, Rei Brian Boru da Irlanda, Rainha Elisabete da Romênia, Rainha Maria Henriette da Bélgica e Rainha Maria Antonieta da França. Mais recentemente, o Príncipe Charles restaurou o cargo de Harpista Real, demonstrando que a associação entre a harpa e a nobreza continua forte até hoje.
Em meados do Século XVI, mudanças na estrutura da harpa começaram a ser aplicadas para realização dos cromatismos, mas a solução funcional só começou a ser estudada em 1720 com a criação dos primeiros pedais pelo bávaro Celestin Hochbrücker. O aperfeiçoamento da harpa aconteceu quando o francês Sébastien Erard concluiu e patenteou, em 1810, a harpa com pedais de dupla ação, conhecida também como harpa moderna ou harpa de concerto. Esta harpa de pedais, grandiosa, pode ser considerada uma harpa-bebê diante da história, pois ainda tem em torno de 200 anos.
Na América Latina, a harpa paraguaia e as harpas folclóricas representam um traço legítimo de descendência das harpas espanholas. A harpa paraguaia foi trazida pelos conquistadores espanhóis no século XVI, e logo incorporada pelos nativos guaranis, gerando novas musicalidades.
Foi na terra guarani que a harpa impressionou o mestiço, mediante os ensinamentos recebidos nas missões jesuíticas e franciscanas. Simples em sua construção nas mãos dos indígenas, a harpa clássica começou a sofrer transformações. A harpa paraguaia nasceu da fusão das civilizações espanhola e indígena.
A evolução da harpa clássica não afetou a paraguaia, e um exemplo é a não adaptação dos pedais e cravelhas mecânicas, que, no caso da clássica, permitia a modulação em diversas tonalidades.
Embora tenha suas possibilidades abreviadas por não possuir a escala cromática originada por essas mudanças, a harpa paraguaia se beneficia pela sonoridade, claridade e consistência. Seus cultivadores, apesar de sua afinação diatônica, realizam seu aprendizado oralmente, de geração a geração, e utilizam as unhas em lugar da ponta dos dedos (como se executa na clássica).
Mesmo com os diferentes tipos e nacionalidades de harpa, através do tempo é incontestável a sua beleza, tanto como instrumento como na sonoridade. A harpa é um instrumento considerado divino através dos tempos, talvez por sua beleza, talvez por sua graça. Mas um instrumento realmente divino só no olhar e admirar.